Aberlado Barbosa, vulgo Chacrinha, apresentador de TV brasileira, cunhou a expressão "Na televisão nada se cria, tudo se copia", numa clara alusão à máxima de Lavoisier de que "Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma". Tal pensamento, adaptado aos tempos digitais, de inteligências artificias assumindo diversas funções, inclusive artísticas, como no vídeo acima [que encontrei no Instagram de Erico Malagoli], torna Chacrinha mais que um apresentador bem humorado, mas num visionário. Com o advento das IAs, fica cada dia mais evidenciado que elas nada criam, apenas copiam, simulam, parafreaseiam visualmente ou por palavras as ideias de inteligências humanas, pois o chatGPT, Copilot ou outra IA nada mais fazem que processar em velocidade espantosa o banco de dados e imagens da rede mundial de computadores e seguir comandos pré-estabelecidos para dar a falsa impressão que criaram algo novo, quando em verdade, apenas fazem colagens, montagens a partir de algo que um ser humano imaginou.
A cena clássica da banda The Beatles atravessando a icônica Abbey Road é a prova cristalina disso. Uma IA não imaginaria tal cena, mas permite movimento, dando a falsa impressão de gerar vida a um instâneo de mais de meio século.
As IAs são poderosas ferramentas de compilação, acesso e processamento de dados, e como tais, são o milenar conceito de "Deus Ex Machina" dos gregos da Antiguidade, dando a impressão de atores erguidos por cabos e roldanas parecerem levitar, voar, ascender aos céus, se deuses, semi-deuses, herois mortos e tudo mais.
As Ias podem simular Platão, Dante, Shakespeare, Cervantes e o produto ser uma boa campanha de marketing, publicidade etc, mas jamais criarão do nada, sempre precisarão de parâmetros humanos para suas incríveis simulações. Enquanto as máquinas não aprenderem a sonhar de olhos bem abertos, jamais serão ameaças à humanidade, pois estarão apenas clonando a imaginação humana em velocidade máxima de processamento. Algo como Deep Blue enfrentar um Gary Kasparov.
A imprevisibilidade e as contradições humanas sempre nos colocarão um passo a frente das IAs, e enquanto formos humanos e contraditórios, estaremos em salvo-conduto. Se um dia nos tornarmos por demais robotizados, mecanizados, previsíveis, aí sim, correremos perigo de extinção.
EM TEMPO: Dias após esta publicação, encontrei um texto do colega Jorge Borges, educador em Portugal, sobre autoria e Inteligência artificial que dialoga com esta postagem e compartilho o link logo a seguir. Vale muito pela reflexão:
Entre a Alma e o Algoritmo: O Direito de Autor na era da Inteligência Artificial
Observação:
Esta postagem é de autoria de José Antonio Klaes Roig, professor, escritor e poeta, além de editor do blog Educa Tube Brasil. http://educa-tube.blogspot.com José Antonio Klaes Roig ou Zé Roig, como gosta de ser chamado, possui o Prêmio de Professor Transformador [2020] e seu blog Educa Tube Brasil, o Prêmio de um dos melhores blogues educacionais do Brasil [2020], conforme selos estampados na coluna à direta desta postagem.
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